quarta-feira, 22 de junho de 2011

BEATRIZ


Um camarim. Beatriz vivencia seus últimos momentos enquanto atriz. É chegada a hora de “praticar pela vez derradeira a arte de deixar algum lugar sem ter para onde ir”. O desespero de partir, a vontade de ficar, o prazer, a dor, amar. Cantando sua própria história, ela brinca com o tempo ao viajar entre o passado de glórias, o presente de ruptura e o futuro incerto. Personagem e atriz se entrelaçam, estabelecem uma fina fronteira entre a ficção e a realidade. A metateatralidade é evidenciada na relação com todos os elementos que compõem o espetáculo: dramaturgia, cenografia, músicos e espectadores. Em Beatriz, encerram-se outras tantas mulheres que compõem a vasta obra de Chico Buarque de Hollanda e que são o mote para a composição das cenas.


Apresentações nos seguintes dias e horários:


04/07 às 21hs

05/07 às 20h

07/07 às 21h

09/07 às 20:30


Local: Sala Espaço I - CEART/UDESC (Itacorubi) - Entrada Franca.



Abaixo um pequeno trecho do texto que criei para a peça inspirado em canções de Chico Buarque:

Beatriz – Nunca mais... Nunca. Nunca é tarde, nunca é demais para se dizer...(Cantarola.) Nunca mais vai beber minhas lágrimas, não vai não... Ali quem sabe deixei a fatia mais doce da minha vida. Ali, na mesa dos homens de vida vazia. Mas precisava de outra luz, outro foco. Pensava eu que deveria haver algum lugar, um confuso casarão, onde seriam os sonhos reais e a vida não. Sabia que nada é pra já, que não vale à pena se afobar por amor. Afinal, amores serão sempre amáveis! Mas não adiantava. Preferi dar ouvidos ao passarinho que me cantava a vinda de bom tempo. (Muda o tom. Como se pudesse quase tocar o seu amante sem o mesmo estar ali.) Acreditei na ave-oráculo e passei a te buscar. Corria contra o tempo, rodava as horas pra trás, roubava um pouquinho e ajeitava o meu caminho pra encostar no teu. Eu surpreendia o sol antes do sol raiar, saltando noites sem me refazer. Eis que numa delas, pela porta de trás de uma casa vazia e um tanto soturna, tu ingressarias e me verias confusa por te ver. Foi entrando, me iluminando, não iluminando um atalho qualquer. E chegando assim, mil dias antes de me conhecer, passou a ver-me com meus olhos e eu com os teus passei a ver-te. Meu namorado, minha morada.