terça-feira, 5 de junho de 2012

4'33'' n°3

                                                                                           









































                                                                                                                     



























































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































                                 .

Cage


Hoje frio, ontem água, agora o gelo
Sou música composta por silêncios
Não estarei nas fotos ou nos vídeos
Na febre, festas, no 1, 2, 3 e... Já?

Tua felicidade grita, muito me irrita
Peço um drink quente, fumo, bebo
No dia clamei por doença ou morte
À noite pretendi voltar ao ventre

Fecho a conta: a minha, sua, outra
Sentes vergonha da minha profissão
Mas não por receber meu dinheiro
Não ligo, não optei, simplesmente é

Todos me respeitam, menos você
"Cala a boca!" Calo. Choras. Vou.
Estás no chão. Meus sapatos também.
A porta encosto, chaveio, disfarço,
Olho pra trás. Houve briga. Já não há.

domingo, 3 de junho de 2012

Emergência


madrugada, poetiso
vai soar Noel Rosa
Shakespeare, Neruda
não é novo, mas falo

sou cópia mal feita
dos poetas antigos
fosse amigo beberia
um gole com Vininha

dividiríamos a conta
sarros, dores e canto
riríamos nosso riso
choraríamos o pranto

uno palavras no hoje
sem parceirinho genial
escrevo pra não morrer
de paixão, raiva, rancor

digito o amor de dote
lado pobre, lado rico
palhaço humilde concluo
não és tu pro meu bico

não sou Rei, engenheiro
executivo, bon vivant
não tenho casaca de grife
uso Zorba e não Cardin

sei que tu aceitarias
de coração um artistinha
um ator que pode tudo
na alegria e na tristeza

acontece que não admito
Princesa sem conforto,
ladrão na Granja do Torto
trocar sussurro por grito

deixa então o amor pra lá
no nível do bem querer
guardo embaixo do colchão
pra mais tarde poder ter

paixão hoje em dia é item
entrou na economia do lar
fiques tu com um novo rico
sem grana eu não posso amar

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Poema de amor


Não sou um poeta de amor
Eu nem quero falar sobre
É o que me sobra, me resta
Poema de amor não presta

Cá pra nós, nem poeta sou
Sou um medroso que grita,
Escreve, é o que me rende
Poema de amor não vende

Me expresso menos que café
Ex-pressão é preço abusivo
Pago em notas de poesia barata
Poema de amor é coisa chata

Hoje uso de bom mau gosto
Minhas rimas ricas faliram
Investi no tal do amor, perdi
Minha herança, rimas pobres

No fim me faltou estética
Deixei o último verso sem
Poema de amor? Poeta, pô?
De amor não, sou dela.