terça-feira, 29 de maio de 2012
Clichê
tira o riso do rosto
não trago boas novas
minha decisão tomei
decidi sim, pelo não
foi no beat do soul
sob tom néon à noite
choro, vinho, certeza
pelo caminho te deixo
sigo o rumo, vou daqui
nenhum sentimentalismo
caro, barato ou grátis
minto fora, sinto dentro
bagagem eu tenho e levo
viajo curto, sem volta
deixo tudo e nada está
você fica, fria. saio eu.
cabeça quente, pavio curto?
presente! calma é pro céu
se não tiver nuvens negras
eu tenho paz de vulcão
se pago, não quero troco
faço sem esperar retorno
não por bondade, por gosto
por amizade, por supuesto
mas tire o riso do rosto
você não sabe, não quer
sentir, estar, viver, ser
você é quem vira poema
e eu que pareço clichê
segunda-feira, 28 de maio de 2012
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Resúmido
o tempo é agora
a reza molhada
lágrimas de vela
lástimas veladas
olhos de parafina
pingam de saudade
pelo raro futuro
pelo amor maduro
por zelo, manias,
manhas de menina
rezo e é infantil
se desprezo, vil
desespero, desfoco
enlouqueço, ameaço
é crime, vara cívil
varo a noite, alumio
sou farol, nota bemol
acidente musical, nó
sustento, subo o tom
sustenido, assustado
na iGreja bocejo, sussurro
que seja! tudo é branco
nada puro, poeira biblíca
hostilizo a hóstia, Hosana
a estas alturas bebo um drink
beijo teu umbigo, subo no altar
se sou amigo, não sou família
se cafajeste, me resto teu par
pai, homem, marido, mulher
sem jogos de armar ou amar
cruz, religo à Deus
penso em santa, anjo
cruzo a ponte pênsil
só pensam em pensão
em nome do pai pro filho
espírito, santo ou porco?
eu te amo. não. te odeio.
não. não sei. te quero.
sincero, amigo, belém,belém
nunca adversário, relembre
amada, ame. amemos. amém.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Canastrice
Você tem certeza de nada
então retém medo de tudo
Camufla na pele segredos
me deixa febril sem sangria
Carrega um escudo no peito
teu jeito é ficar no escuro
Você que nasceu arquipélago
cresceu, empedrou, virou ilha
No fundo é um circo armado
esse teu coração infecundo
Farpado de alarmes e trancas
Arrancado à força do mundo
Se esconde, não banca sentir
Responde com cartas marcadas
Me tira num jogo canastra
Sou Ás e me joga no morto
domingo, 13 de maio de 2012
Banho-maria
No banho a água lava e clarifica
ideias, rostos, gostos, opostos
Unta corpos, torna-os adstringentes
água gelada, corpos ardentes
Nas imersões relaxo e me acho
Na última descobri bens preciosos:
Uma cidade submersa, eu, você
sobre nós um pouco mais e porquê
Minha banheira é espelho d'água
é mágico, revela o cômico-trágico
Banheira, banheirinha minha, nossa,
existe alguém mais grato do que eu?
Por você escafandrista me resgatar
carinhosa do abissal da tristeza
Revelar o peito-baú, arrombar cadeado,
amaciar outra vez o coração ontem pedra
Meu obrigado é te gostar quietinho,
sob a espuma e mesmo que não se consuma
na saboneteira fica o sentimento, terno
eterno pra que outro ensaboe, enxague
Tanta paixão que transborda da tina
rompe a represa, molha a retina
É pathos, de fato, sem patifaria,
o amor que se coze em banho-maria.
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