quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Verão (Futuro do presente do indicativo)




ELA - Olha nos meus olhos...


ELE - Pra quê?


ELA - Pra eu ver os teus.


ELE - Os meus o quê, garota? 


ELA - Os teus olhos porra!


ELE - Pra quê?! 


ELA - São a janela da sua alma. Foi você quem falou... Eu acredito! E no mais, já é tempo de eu conhecer a tua alma, tua luz, tua verd...


ELE - Para! Não quero olhar. Chega. Deu. Olha pro mar. É mais bonito, mais amplo...


ELA - Mas já não me surpreende. Teu olhar... Não... Tua alma, ainda que menor deve ser mais colorida, dinâmica. O mar é sempre diferente na sua mesmice. A onda vem, a onda vai, ou vem, morre e vem outra... Sei lá, não importa. Vem cá, olha nos meus olhos..


ELE - Não!


ELA - Por quê?


ELE - Não tem motivo. Só não quero olhar agora...


ELA - Medo.


ELE - Iiiiihhh... Que papinho pra um início de verão hein? Deita aí, curte o sol, o mar... Fica de olho nos corpos suados, nas crianças mijando na água, nos coroas ostentando o barrigão... Se puder e quiser me beija a cada 7 minutos que a vida é tão bela quanto o título daquele filme... Aliás, vencedor do Oscar não?


ELA - Medo.


ELE - Ah, venceu sim! Me lembro do sujeito andando por cima das cadeiras do teatro com cara de trouxa de tanta felici..


ELA - Puro medo.


ELE - Porra... Vai continuar?


ELA - Olha nos meus olhos e eu paro num segundo.


ELE - Se olhar eu paro pra sempre.