domingo, 29 de julho de 2012

Sístole e diástole


cochilei na batida do peito
num papo sem jeito e tímido
il cuore me ninou feito mãe
como há muito já não fazia

veio com voz mansa, pé por pé
cantou o tal canto ritmado
das irmãs sístole e diástole
de leve, retomou a intimidade

meu coração me pôs no colo
fez lembrar que ainda ama
tem carinho pra dar e sentir
sem precisar de outro por mim

não é coração macho alfa, não
é mulher segura, sem jogo louco
pressão ou rompantes de silêncio
é peito, seio, suave e feminino

reatemos o amor que vem de berço
eu prometo, não te troco por outro
nem por paixão, nem por doação
até que o marca-passo nos separe

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tela fria


mais vinho, menos vinho
sempre me encerro em ti
minhas linhas e vinhas
pra tuas idas e vindas

se me aproximo da poesia
é pra suprir tua falta
se me afasto é zoom out
não por medo, pro enredo

na vitrola digital, o som
how can you mend a bronken heart?
dançaria bem colado e macio
na cama quente, no chão frio

já misturo tudo, canção, álcool
sentimento, palavras, ânsia
é bom pra vida, não pra poema
vira declaração, você reclama

pega meu lado bom, conserva
em scotch ou aceto balsamico
leva pra tua vida com outro
tempera com meu amor a salada

por aqui deixo meu fino rastro
minha pegada, sutil e forte
marcaria teu corpo, tua alma
cabelo, boca, dobras, tua obra

deixo sobras na taça, na letra
te deixo em mim sem te atrair
e enquanto esperas o príncipe
viro atração na tua tela fria

Contemporização


não importa o nome ou endereço
apenas o que vejo, penso, sinto
há tempos o peito não explodia
há tempos não mergulhava assim
de bater cabeça na pedra, pois é
és água dura, pedra mole, papel
tesoura, pau, pedra, fim do caminho
tanto bate que fura meu silêncio
vaza sangue, lágrima, suor, berro
você não quer e eu finjo desdém
odeio teu vaivém, te amo pro além
és vinho, tinto seco, muito tânico
não dá sopa, creme, colher de chá
eu adolesço, adoeço, amargo, adoço
vejo foto, tenho um troço, és linda
a mais do mundo, minha, dele, daquele
eles te querem sim, só eu te mereço
estou piegas, non sense, ridículo
(ainda bem, ainda bem, ainda bem)
te levo comigo pra cima e pra baixo
te elevo na falta de ar, no suspiro
há tempos não escrevia tão ofegante
há tempos não morria de amor todo dia
há tempos não vivia de torpor na noite
o tempo que não passa pra te ver, ter
não para se estás, não verte ou inverte
o tempo que não nasceu e é pra sempre
que não rima com nada e versa com tudo
que se esvai e nos carregará separados
você vai no seu tempo, eu no meu te levo
sem mentira, na mente, alma, pele e corpo
até o último dilatar de púpilas a projetar
o curta-metragem da vida não vivida contigo
na sorte da morte indolor, precisa, súbita
o tempo...
se errado no verbo do poema, é problema
se certeiro na morte do poeta é dádiva, auge
sou grato por cumprires teu papel nessa fita
vivendo nos poemas de ausência,
morrendo num cinema de presença
the end

domingo, 1 de julho de 2012

Maria

Taí a minha parceria com a Cathe Juttel. Espero que façamos mais!

Maria
(Cathe Juttel / Mário César)


Maria sempre que puder
flor de terno lembrar
estarei onde for, desde que haja o mar
Pro peito repousar, segurar violão
juro, estarei lá sempre pra te a...


Maria se te beijo no céu
Sou feliz se no chão
Teu corpo me tocar
eu que tanto te quis, eu que já pedi bis
se essa fonte secar, não esqueça Maria
e eu também viro mar


Mesmo que sejas má, te amaria ainda assim
Então deixo tu ir, pra aprender a voltar
andarei ao teu lado feito braço de rio
E se chuva molhar, caso pinte um estio
fique o leito vazio, se o olho chorar rio, 
não esqueça de mim

*Gravação demo feita como pista base para o arranjo a ser gravado pelo Duo em Preto e Branco.