quarta-feira, 28 de março de 2012

Melô do Millôr



no Méier melou
           
              foi-se milorde Millôr


     não morreu, mudou

Falta


falta
teu gosto de cedo na boca
você se pintar de louca
quebrar umas quantas louças
fazer um bocado de amor

falta
teu tapa que quase me toca
teu beijo pressão que me soca
mais gás na maldita Coca
ás/azar ao jogador

falta
findar a desimportância
desmedir a temperança
morar em nós a constância
dançar dois pra cá pra acalmar

falta
a mão que o berço balança
do "eu sou mulher" a cobrança
ciúme amansar com vingança
mais criancice e brincar

falta
cuidar de qualquer bichano
durar mais do que um ano
e um vacilo freudiano
do fulano encantador

falta
que você mais me admire
que eu também por ti suspire
te fazer chá caso espirre
pra mim a gripe tomar

falta
que por fim você me queira
uma velha goiabeira
pr'um coração eu talhar
aí não falta mais nada
pois paixão arborizada
é como uma longa estrada
que desemboca no mar
molha a boca antes seca
põe um fim na enxaqueca
faz a alma se alentar
presenteia o que era falta
põe melodia na flauta
e um tanto mais de pauta
pro poeminha acabar

terça-feira, 27 de março de 2012

Quando



Quando me acolherás em suas mãos?
Quando tuas mãos de mãe, suaves
em minhas mãos suadas repousarão?

Vez em quando ando, outras tantas paro
Dessa vez é isso, vivo recuando e recuado
Por enquanto no hoje, agora é momento raro
Tiro sarro, mascaro, saro, removo o passado

Passo um café coando o líquido e memórias
Varro a sala da mente e espero sua visita
e quando chegares não repare a salinha simplória
ecoando a falta de móveis pra que tua presença
preencha, precise, precante, presinta.

Sinto-me homem de Leminski, arde a dor elegante
Caminho de lado, por Deus há quanto tempo?
Tropeço em mim mesmo sem te avistar no horizonte do adiante
Enterro a mente no lápis-papel digital como passatempo
Sem métrica, nem ética alfabética, sentindo na prática
Evacuando a área da razão e escoando o coração
Há quando tempo? Acuando o tempo, não.
Me adequando? Até quando?


quinta-feira, 1 de março de 2012

Sentido


Sentido. Meu eu agora.
O lírico, o físico e o metafísico.
Sem sul, sem norte.
À só e à sorte.
Sem rumo, sem sentido.
Ao guarda na caserna: -Sentido!
Minha mão na tua perna: Duplo sentido.
À dúvida materna: Sexto sentido.
À busca eterna: Sentido proibido.
Sem você.
Sem te ter.
Sem ter tido.
Sentido.