domingo, 31 de julho de 2011

GRITO



E esse grito agora?
Na hora do pesadelo me acorda pro sonho.
Ressoa por dentro, é silêncio pra fora.
Faz-se sussurro tão assustador quanto risonho.

E esse grito agora?
Atenção! Há tensão sem som.
Há urgência na demora.
Há o certo, o incerto, o ruim, o bom.

E esse grito agora?
Essa dúvida, essa certeza.
O teu cheiro... Ah! Esse cheiro de amora!
Essa pele que exala a beleza.

E esse grito agora?
Esse grito tímido,
Essa pachorra sem hora,
O meu amor e tremor temido.

E esse grito agora?
Esse rito que me irrita?
Esse que eu abafo em meu travesseiro por ora?
Que de tão silencioso fez-se escrita?

Quer ser berro, ser voz.
Sem erro ser início.
Ser eu, tu, nós
E ecoar nas paredes de um coração-precipício.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ÚTERO

Baby, o mundo anda crazy
e é muito mais louco
não poder te proteger.

De mãos atadas me ponho acordado
na madrugada errada.
Eu velo teu sono em vão.
Espiono na fresta da porta da vida

que inúmeras vezes explode em minha cara.
Minha cara, mais caro é o preço que pago.
É a praga no trago, a droga, o estrago.
É a vaga indagação de não te apagar em mim.

Baby, eu ando so lazy.
My soul isn't happy.
Meu ócio? Ópio, festim.

Eu ofereço um buquê de mentiras
se me perguntam por ti.
Não tento a verdade, nem acho exagero

sentir a flor do teu útero ser parte de mim.
De minuto em minuto mirim ser quem gosta,
não importa se presta ou se próstata!
Basta a intençao de poder te afagar enfim.


Útero - Mário César