sábado, 26 de fevereiro de 2011

Em busca de um teatro rico

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No palco é a porção ator do artista que fica em evidência. Mas neste espetáculo Evandro Linhares e eu "jogamos nas onze". Direção, atuação, dramaturgia e, até mesmo, concepção do material gráfico. Em cena o que se observa é um espetáculo metateatral, que desvela os bastidores do teatro contemporâneo em tom parodístico e (quase) debochado. Em palavras menos rebuscadas: é comédia mesmo!
O enredo é o simples. Dois atores de uma companhia teatral desconhecida descobrem que há uma premiação em dinheiro para a montagem de um novo espetáculo. O melhor projeto ficará com a bolada. A partir de então, colocam como metas para suas carreiras encenarem o grande espetáculo de suas vidas, deixarem seus nomes marcados na história e enriquecerem fazendo teatro. Só há um problema: o prazo para inscrição do projeto se encerra no dia seguinte e não possuem a mínima idéia do que podem fazer. Desesperados, passam a experimentar diversas formas de montagem do espetáculo e a enfrentarem os mais inusitados problemas aos olhos do público. Conseguirão eles vencer a batalha contra o tempo e a falta de idéias?
A denominação do espetáculo - Em busca de um teatro rico - é uma corruptela do título de um dos mais importantes escritos acerca do teatro no século XX realizado pelo encenador polonês Jerzy Grotowski (1933 - 1999), o cara do cartaz. Seu livro se chama Em busca de um teatro pobre. Longe de ser uma crítica ao seu trabalho é, na verdade, mais uma das ironias a que o grupo se propõe a fazer sempre no intuito de gerar uma reflexão sobre alguns dogmas criados pelo teatro contemporâneo. Além de ser uma grande brincadeira e até mesmo uma homenagem a este pouco conhecido artista que - como poderá ser observado em cena - influencia o trabalho do grupo.


Em busca de um teatro rico
Quando: 14/03/2011 às 20hs.
Onde: Sala Espaço I (Prédio de Artes Cênicas do Centro de Artes da UDESC)
Endereço: Av. Madre Benvenutta, 1907. Itacorubi - Florianópolis - SC.
Informações: 48.9903-1880 (Evandro)
Entrada franca.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CicATRIZ

Não há cicatriz sem ferimento. A pele em fibrose exige que um corte a preceda. Venho aprendendo sobre o assunto entre (re)talhos e entalhes desde o primeiro ar por mim inspirado. É certo que o mesmo provocara-me dor, espanto, choro. É também provável que, através deste, acreditaram-me saudável apesar de minutos antes me içarem a ferro, fogo e fórceps das entranhas em que eu bravamente resistia em deixar, mais por antever piores feridas ao longo da existência, do que por serem as tais uma pátria-mãe aconchegante; ou qualquer outro destes sentimentos patrióticos comuns àquela época. Meu querer sucumbiu ao de todos. Estava eu (quase)saudável e livre! Ou seria o doutor cumpridor de seu dever e mamãe a serem livres a partir de então...? De certo mesmo, só cicatrizes. Em mamãe e em mim, no doutor não. São tantas as chagas que, ao ligar-se uma a uma feito pontos é bem possível que se pinte um esboço de Guernica sobre minha pele. Decorei a posição de cada uma delas, bem como o proceder após nova ferida: 1) Não se censura o sangue. A hemorragia é necessária. 2) Lavar com água arde, passar Merthiolate dizem que não mais e o soro fisiológico é gélido. 3) Não se estanca o todo ferido com pó de café. Este só ameniza parte do problema. 4) À amputação não bastam os pontos fracos, somente os fortes ou os grampos cirúrgicos. 5) Os anti-corpos prevalecem! 6) Mesmo seguindo as anteriores, a dor dói. Bom mesmo é não se ferir. Porém pr'a essa lição o ensino não é público. Pior, é a vida - dita privada - implacável ao cobrar a mensalidade. Eu que não pago o seu preço acostumei a conviver com as feridas que, como previsto pelo meu eu-neném, só tenderiam a aumentar. Aumentaram. Tanto, que hoje somente meu corpo não basta para abrigá-las. Foi preciso que as feridas e sua família de cicatrizes migrassem de mãos dadas e em peso para a minh'alma. Lá ninguém alcança. Nem eu, nem você, nem o médico de mamãe. Os procedimentos supracitados já não funcionam, fazendo com que o sangue não estanque e que as cicatrizes tornem-se quelóides e que, cá entre nós, para poupar-lhes este nome pouco aprazível passei a chamar apenas de saudade.


Pedaço de mim - Chico Buarque


Àquela que há um ano brilha no meu palco-coração. Se hoje num exílio forçado, haverá um tempo em que (re)unidos seremos. Felicitações pequena!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sou nós

Resultado da parceria virtual com Maria Carol Muller.

Sou nós. Ambos sorrisos lágrimas e destino incerto.
Você, porque o cheiro é parecido em si comigo.

Mas só às vezes me permito a ser contigo parecido.
Não liga não, é que eu gosto de ser eu sem medo.
É segredo que eu simplesmente desintegro em matéria de sedução.
Que seja mútuo enquanto dure por que o plano muda. Não é eterno o meu coração.

Sou qualquer folha planando.
Sou a tal nuvem passando.
Carrego chuva, caio feito luva,
Seja fértil o teu chão ou não.

Sonho somas de sombra e bocas.
Corpos marcam a grama do jardim.
Eu não me rendo, mas não aprendo.
Não gira o mundo só porque eu desejo e fim.

Traga do teu porto um vinho seco, um cigarro e me espere na cama.
Já que eu não durmo a tempos, fiquemos a sós, desatemos os nós, vós, tu, eu, eles, mim.
Quando o clima aquece esquece, não basta salvar nem dez mil amazônias.
Pra regular o calor, traga gelo e amor, e então que deus salve a insônia.


Sou nós - Maria Carol Muller/Mário César


P.S.: Abstraiam a péssima gravação. :D